(In Memoriam, Walber Reis)
Eu não poderia deixar que este dia findasse sem escrever um post em homenagem a Seu Walbinho. Senti que devia isso a esta Semana Santa, já que a Páscoa nos recorda a certeza da Ressurreição e com isso a garantia de que um dia Novos Céus e Novas Terras nos aguardam, em um lugar aonde Deus será pleno em todos os nosso amigos, familiares e pessoas mais que queridas. Por isso, embora triste pela ausência física, quero trazer em meu coração a esperança alegre que a Eternidade nos dá.Seu Walbinho e sua família são vizinhos da minha família há 35 anos. Ele nos precedeu no bairro Vinhais, sendo um dos primeiros moradores. Minha mãe costuma sempre lembrar que uma das atitudes mais ternas e que logo deixou claro que tipo de vizinhos teríamos foi quando ela sentiu dores de parto e saiu às pressas para a maternidade para me dar a luz. Devido a correria, toda a roupa que ela havia passado a tarde lavando ficou no varal.
Dona Maria, esposa de Seu Walbinho, quando minha família voltou à noite para casa, entregou as roupas do varal e disse ter recolhido pois viu que não tínhamos como fazer isso. Este gesto de solidariedade e tamanha generosidade ficou guardado na memória do coração de meus pais e até hoje eles lembram esta história com muito agradecimento.
Quando tivemos nossa irmã mais nova, Aline Ceres, ela passou muitas tardes com dona Maria, pois não tínhamos com quem deixa-la, quando íamos para a escola. Aline cresceu chamando Seu Walbinho e dona Maria de padrinho e madrinha, e no dia do batizado e Aline, dona Maria tornou-se madrinha de Consagração dela.
Waldiney, Walbercio e Walberlino são os filhos de seu Walbinho que vimos crescer a proporção que eles nos viram também, pois eu e meus irmãos somos mais novos que eles. Waldiney tinha a idade de meu irmão mais velho, Luís Fernando e eram muito amigos. Mas Waldiney morreu assassinado em um dia triste de São Pedro, de modo que até hoje a data do dia 29 de julho nos deixa retirados em memórias e orações por ele.
Se fosse traduzir em uma palavra quem era Seu Walbinho, eu traduziria em "ALEGRIA". Ele era uma das poucas pessoas que conheço que traziam sempre consigo um sorriso largo e bonito sempre para todos que via! Ele era a única pessoa de idade também que eu conhecia também que ouvia raggae sempre, mesmo às 6 horas da manhã. Ele dirigia sempre a 10 km/h no bairro e era fácil identifica-lo: sempre ouvia raggae.
Ele costumava sentar em uma calçada alta, em frente a minha casa e era comum todos os dias, quando não na saída de casa, no retorno avista-lo. Seu Walbinho não sabia, mas várias vezes ele foi um sinal concreto de Deus em minha vida, quando voltava triste ou quando acordada meio pra baixo com algum problema, era reconfortante vê-lo na porta de casa, sempre com um sorriso, a me desejar um "bom dia" ou "tudo bem", quando eu chegava em casa.
Seu Walbinho acompanhou meu crescimento, minha formatura, meus trabalhos e várias vezes me dava uma santa carona da minha porta até a parada de casa. Sempre generoso, sempre prestativo, sempre feliz.
Nesse ano, Seu Walbinho descobriu um câncer na garganta que roubou seu sorriso. Precisou retirar as cordas vocais e por isso já não podia mais falar. Logo ele, que sempre gostou de falar com todos e todas e sempre fez isso com tanta alegria. Não o via mais sorrindo quando voltava pra casa e por último foi necessário que ele ficasse internado no hospital. Dona Maria, sua esposa, acompanhou sua Paixão e Páscoa, no Hospital, aonde esteve até o momento de sua morte. Eu confesso que não fui visita-lo por falta de coragem. Não queria vê-lo assim e sei que ele não iria querer me ver chorando ao visita-lo. Mas ele estava presente em minhas orações e eucaristias.
Hoje recebi a notícia temida: faleceu. Confesso a vocês que sinto como se fosse a morte de um parente. Afinal, ele era alguém que me acompanhou, me viu crescer e gostava tanto de minha família. Eu vou acordar várias vezes olhando para calçada e lembrando dele. Do "bom dia" e do "Tudo bem, Virgínia!", que ele sempre dava. Mas vou lembrar mais ainda quando estiver na Eucaristia. Lá, sei que não será só uma lembrança de memórias, mas será um reencontro na Comunhão dos Santos.
Vá em paz, seu Walbinho! Agora eu sei que está tudo bem com o senhor, pois agora estás com o Senhor!