quinta-feira, 21 de maio de 2009

Penso, logo existo!

Coloquei Rodin em homenagem ao mote de hoje! :) Não vou colocar referências. Ah! Se tivesse usado a imagem dele no meu pensamento, não precisaria delas mesmo.rs..
Nessa semana revisando o pensamento moderno sobre o conhecimento e a revolução intelectual acontecida na Europa entre os séculos XVII e XVIII , estava observando a frase de René Descartes que traduz, a meu ver, essa busca do homem de se desprender do mito e alcançar suas próprias teorias sobre a vida e tudo o que está em nossa volta.
De fato, pensar é algo que nos deixa certos que vivemos. Afinal, quem passa por essa vida sem perceber o mundo a sua volta ( e perceber envolve muito mais do que saber que ele existe, envolve saber lidar com ele, interagir, saber colocar em prática a vida e tudo o que se aprendeu sobre ela) apenas passou. Só passou.
Nessa semana estava conversando com um amigo sobre a forma como o sistema educacional de nosso país nos empurra para um teoricismo que estagna nossa forma de pensar. Ele defendia que nos baseamos muitas vezes nos teóricos que escreveram sobre um determinado ponto, e esquecemos de raciocinar, desenvolver nossa própria linha de raciocínio.
E eu tentava (sem conseguir, eu acho.rs.) explicar que essa foi a forma que muitos alunos aprenderam a pensar. Ou melhor, aprenderam a ser. E eu que sempre me julguei privilegiada por acreditar que via no conhecimento adquirido em sala de aula, não uma oportunidade de me exibir puramente com grandes nomes de teorias já desenvolvidas, mas, a partir do que já foi descoberto sobre o assunto, ou com elementos desse conhecimento, sabia tecer minha própria linha de raciocínio, meu próprio mundo...
Na verdade, sempre me achei :) Pois, acreditava que percebia as coisas diferentes, e mais, que tinha o Espírito Santo de Deus, que me fazia sempre associar todos os conhecimentos possíveis (de literatura à física quântica) com questões práticas da vida. Sempre acreditei que as teorias são perfeitamente aplicáveis. Sem muitas abstrações, perfeitamente factíveis se encontresse boas almas para tal. E era magnifico quando observava isso. Mas, acredito também que além de ser aplicável, a prática da vida é perfeitamente possível de ser teorizada, para que outros que não passaram ainda pelo que eu passei possam a partir de pensamentos meu, e de outros que já viveram determinada situação, atualizar a fala, o discurso, o modo de pensar e ver o mundo. Afinal, tudo nessa vida é dinâmico, apesar das leis universais.
Ele ficou bem exaltado ao defender que os alunos com quem convive (e eu sou uma delas.rs..) não sabiam pensar de forma pura, precisavam sempre se respautar em "segundo teórico tal", "segundo fulano da viela".rs..enfim... Eu concordei (muito embora tenha me sentido ferida por acreditar que fazia o oposto, mas, enfim, a visão do outro a nosso respeito não precisa - e não é muitas vezes - ser igual a nossa visão de nós mesmos. É sempre bom quando encontramos alguém que diz que não somos o que pensamos ser).
Mas, por outro lado, acho que não consegui falar algo. Penso que não somos um ser puro. Que sempre temos algo do outro em nós. Somos plural. Ou seja, em "nosso pensar" sempre vai ter nas entrelinhas alguém, que elegemos consciente ou inconscientemente para juntar-se a nossa fala. Isso mesmo fora das teorias. A forma de aprendemos de falar, herdada de nossos pais sem percebermos, o termo que um amigo usa e que por gostarmos (ou convivermos) acabamos tomando pra nossa fala...
Por outro lado, por mais que sejam pensamentos, falas, costumes, discursos já proferidos por alguém, nunca será puramente o da outra pessoa que reproduziremos. Pois a outra pessoa pessoa, também, já foi construída de muitas tantas outras que ela leu, conviveu, ou passaram por sua vida. E mais, o discurso dela, também será o nosso, ainda que a citemos. Se misturará com nossa construção simbólica. Demarcará, para os mais observadores. a forma como ela vê o mundo. Como ela elege teóricos que acabam confluindo com sua forma de pensar. E , com isso, acaba denunciando seu pensamento, ainda que esteja escondido em uma "citação". Os mais observadores, conseguirão perceber isso.
Nossa cultura, familia, religião, não-religião, personalidade...enfim, o outro em nós sempre ganhará outra dimensão. E o que somos, sempre será um mosaico de outras pessoas que passaram por nós. Embora chamemos de nossa vida, nossa forma de pensar.
Se me fosse pedido uma crítica e definição sobre o que disse, definiria que: o homem que recorre da teoria para basear sua inteligência, e só nas teorias, ele de fato, pode ser inteligente. Pode, sim, ter muito conhecimento. Mas, nunca será um sábio. A não ser que mude. A não ser que tenha consciência do porquê utiliza deternados autores para legitimar sua fala, e mais, sabia descontruir toda essa fala, e saber apontar onde está a "sua" (do ser "inteligente"). Aí sim, ele saberá criar. E não será mais (só) inteligente, será um sábio. Pois, poderá por em prática com maior propriedade o conhecimento adquirido.
Agora, é bem verdade que uma coisa é você ter isso tudo sem se perceber. E isso é muito comum em nossa vida. Agimos muitas vezes sem pensar, sem refletir nossas atitudes, sem observar o mundo a nossa volta. Vemos isso claramente quando alguns adolescentes aprendem que para serem amados precisam ser intelectuais e se lançam a um mundo de leitura "maravilhoso" devorando a fio obras belíssimas de nossa literatura clássica e moderna, nacional e internacional; ou, quando adultos muito bem instruídos com seus títulos acadêmicos e toda a pompa que isso lhes rende, se arvoram em "senhores de toda a verdade e ciência" - como se isso fosse possível. E a menor sombra de contrariedade a suas teorias, sabem olhar (isso quando não dizem claramente) com o jeito de quem diz "quem é você, ser insignificante que ousas contrariar todo o meu GRANDE saber? " (pra não dizer EGO.rs..). Bom, o conhecimento nesses dois casos, não significa sabedoria.
Mas, desconstruindo o pensamento de Descartes.rs..penso que pensar dói. Por isso é mais cômodo você usar a fala do outro sem dialogar com ela, sem confrontar...sem dizer que não pensa do mesmo jeito e apontar porque.
Fiquei ferida no meu coração intelectual (quantos corações temos?) quando nas entrelinhas das frases de meu amado amigo, soube que eu não pensava...apesar de defender com unhas e dentes o contrário. E, com prova disso...resolvi escrever um post sobre o pensamento, o raciocínio...
Pronto, lanço a palavra, ou melhor, o pensamento para você...o que tem pensado te define? E se define, como tem vivido? Pois, se é verdade que o fato de que pensamos configura que estamos vivos, é mais verdade que a "forma" como pensamos denuncia a vida que temos...
E para finalizar, parafraseando o dito: Pensar bem! Tenho dito.
"Eu o enchi do Espírito Divino para lhe dar sabedoria, inteligencia e habilidade para toda sorte de obras" Ex 31, 3
Nota: Usei o pensamento de um monte de gente. E não citei :) Quem pensou? Eu ou eles?

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