domingo, 9 de janeiro de 2011

Ser ou não ser, eis a questão!


"Eu era pequena, nem me lembro..."

Eu fui batizada no dia 03 de março de 1980, um ano depois de meu nascimento biológico. Sei disso por conta do meu batistério, documento expedido pelas Igrejas para que os batizados tenham uma "certidão, que comprova que os mesmos foram batizados um dia. Nele tem dizendo em qual Paróquia, qual sacerdote o batizou e em que dia e hora fomos batizados. Nele também consta nome de padrinhos e dos pais, claro :-) Se você é católico e não sabe por onde anda o seu batistério, corre e vai procurar porque sem ele você não casa na Igreja.

Confesso contanto que meus pais demoraram para me batizar.rs. um ano após meu nascimento ou quase isso (D.N Fantástica Vi : 13 de maio de 1979), mas eles me batizaram, o que foi algo primordial em minha vida, muito embora eu tenha descoberto isso apenas 18 anos depois. Assim como a grande maioria dos brasileiros (país em sua maioria de tradição católica) e como toda família que tem influência católica, ainda que não exerça a fé efetivamente, eu fui batizada quando pequena.

Meus pais não são católicos praticantes, apesar de terem sido batizados na fé. Meu pai não tem religião e minha mãe, apesar de ter sido batizada na Igreja católica e de ter chegado a se crismar, ela  não prosseguiu nos deveres cristãos. Porém, gosta de dizer que reza em casa e se considera muito melhor e piedosa do que quem frequenta a Igreja. Ela acredita nas teorias reencarnacionaista, concorda com outras doutrinas desta linha, acredita em horóscopo, em supertições e uma vez por semana sempre está presente nas reuniões mediúnicas organizadas por uma tia que é espírita há mais de 20 anos.

 Enfim, meus irmãos homens não praticam a fé, embora tenham sido batizados e chegaram a fazer a primeira eucaristia. Minha irmã mulher, Aline Ceres, é a única que me acompanha na Igreja. Atribuo isso ao fato de sempre tê-la levado para tudo que participo, o que inclui: missas, Grupos de Oração, encontros para jovens... Como entrei para a fé, como católica praticante, aos 18 anos e ela tem esta idade hoje (eu tenho hoje 32) atribuo mais ainda o fato dela aceitar a fé e vivê-la hoje a isso. Porém, eu entrei nova, sem voz e vez na família, porque adolescente não tem voz e vez na familia a não ser que trabalhe e ajude em casa (e olhe lá!). Por este motivo, apesar de sempre ter lavado Aline Ceres para todos os lugares em que participei da Igreja, ela só se batizou aos 12 anos. Contudo, permanece firme na fé até hoje, sem se afastar, mesmo depois da primeira Eucaristia (depois podemos fazer um post sobre o fenômeno dos que se afastam da Igreja, depois da 1ª Eucarista e do Crisma).

Contei estes detalhes da minha vida para melhor ilustrar o que vou falar: a vivência do batismo. Veja, não quero aqui entrar muito em detalhes doutrinários, até porque o post ficaria grande demais, mas preciso falar algumas coisas sobre isso para dizer que você não é obrigado (no sentido de forçado) a ser católico, ainda que sua família o tenha levado ao batismo sacramental ainda pequeno. Muito embora, deveria ser obrigação deles ou dos padrinhos terem te educado e introduzido você na doutrina católica. Porém, é importante lembrar que com o período modernista na história e a quebra de instituições tidas como tradicionais e importantes no processo de socialização, a Igreja deixou de ter tanta expressão nas famílias, que já não tinham mais tanta autoridade enquanto família também. O que não é algo aceito de forma conformista, mas utiliza-se para compreender tantos filhos sem a Mãe Igreja soltos pelo mundo.

Somando a isso, tem o fato do mal que atribuo a Flávius Theodósius ou Teodósio I, o Grande, que em 380 d.C tornou o cristianismo a religião oficial do império. Olha só, este gesto nobre de Teodósio acabou fazendo com que, culturalmente, a meu ver, as pessoas acabassem sendo cristãs por questão de raça, não por adesão. Veja, no princípio do Cristianismo, só os adultos eram batizados, passaram por um período de catequese que durava em média 3 anos para depois, voluntariamente, decidirem se queriam ou não serem cristãos. Porém, as crianças também eram batizadas. No passagem de At 16, em que Paulo e Silas são libertos pelo poder do louvor, vão à casa do guarda que estava na cadeia, o guarda e toda a sua familia (o que incluia todos mesmo, mulheres, crianças e homens) foram batizados. Pois a graça é para todos At 2.

A Igreja com o tempo passou a batizar as crianças como forma de dar a todas os homens, objeto de predileção de Deus, a graça da salvação. Que como o nome diz, sendo graça é gratuita, não diz respeito a méritos. Porém, para isso, os pais ou padrinhos, devem se responsabilizar pela educação na fé, que deve ser dada durante os anos de sua vida.

Daí a Igreja aceitar o batismo de crianças, mesmo com pais que não possuem o sacramento do matrimônio, com a condição de que os  professem a fé. Assim, ela acredita que ainda que os pais não a eduquem na fé, ela pode receber a catequese devida pelos padrinhos e comunidade eclesial (Igreja).

Este foi o meu caso. Meus pais não são casados na Igrjea, mas fui alimentada com pílulas de fé graças a minha madrinha, Ir. Janira, da congregação de São José de Concórdia, que de tempos em tempos, enviava um livro de Pe. Zezinho ou ligava para dizer que estava na época dos sacramentos. Em casa mesmo, não tinha oportunidade de viver nada disso de forma muito fervorosa. Ir à missa aos domingos nunca foi algo rotineiro em minha casa. Pelo que me lembro, aos domingos, aqui em casa era dia de praia, clube e farra com os amigos. Descontrair depois de uma semana de trabalho suado. Fim de semana era dia de praia e sol, afinal, todos eram filhos de Deus :-) É, eu sei.r.s ficou irônica a última frase. Foi proposital.

Continuando, aos 18 anos eu abracei a fé. Porém, claro, esta é minha história pessoal, você e outros que passarem por aqui terão suas histórias para contar. O que quero dizer aqui é a fé é um ato de vontade. Ninguém pode te forçar a abraçar o catolicismo. E se sua mãe, tio, avó ou pais adotivos te levaram a pia batismal na Igreja católica um dia, com certeza, mesmo tendo o pensamento de ser um ato social, para cumprir obrigações sociais, ainda assim, isto foi um ato nobre de teus responsáveis. Você cresceu, eles podem não ter continuado a educar-te na fé, na justificativa de que quando crescesse, escolherias a fé que quisesse. Porém, se você cresceu na Igreja, ainda que indo para as missas em casamentos, batizados e missas de sétimo dias. Ou ainda se és um católico sazional, que vai às missas em tempos específicos: páscoa e Natal (geralmente festas mais lembradas pela sociedade consumista devido aos ovos de chocolate e os presentes, esquece-se sempre Pentecostes), ainda assim, você pode ainda resgatar sua pátria celeste.

O batismo é sinal de Vida Nova! De reconciliação com um passado e de um generoso abraço a um futuro promissor com Deus. Porém, como disse no post anterior, ser batizado te confere direitos filiais. Graças inestimáveis! Um verdadeiro tesouro espiritual, que está escondido dos olhos do mundo atual, coberto pela poeira do indiferentismo e do relativismo religioso ("O que importa é acreditar em Deus, eu não preciso de uma religião!", assim dizem). Este tesouro te confere deveres também, mas estes você só abraça se sente família. Da mesma forma que alguém só se sente bem em casa quando tem uma familia unida, assim também somos nós, na vida espiritual. Os que não foram educados na fé desde cedo, precisam ver a Igreja com os olhos de uma família. Sei que às vezes não é fácil, dado o testemunho de muitos cristãos que mais parecem tristimunhos que outra coisa. Mas, acredite, ser filho de Deus e viver com as graças espirituais da herança que Ele nos deu, é bom demais.

É bom saber que tens com quem contar quando estás com problemas, saber que desde que nasce (batismo), quando cresce na fé (crisma) e durante todas os dias de tua vida (eucaristia), quando começas a tua vida de cristão adulto, no serviço do outro (casamento, ordem) ou mesmo quando precisas de ajuda por uma causa de saúde, problemas, erros, tropeções ou no momento da morte (confissão, unção dos enfermos), em tudo Deus está presente em tua vida (os sacramentos são sinais) de cristão batizado. Não como um Deus distante, manipulador do destino, como muitos o pintam. Não, de forma alguma.

Deus está presente em nossas vidas através do Espírito Santo que recebemos no nosso batismo. E nunca mais nos abandonará, mesmo que você não professe a fé ou não vá à Igreja todos os dias ou aos domingos. E Ele não faz isso pelo fato de ser Deus e  Deus não abandona seus filhos (Is 49). Nenhum é abandonado, ainda que não O reconheçam ou até O reneguem, Ele continua nos amando (I Jo 4).  Ele não seria Deus se assim não fosse, se dessa forma desmedida e incompreensível não nos amasse.

Quero hoje, convidar você a conhecer sua família, caso não tenha crescido neste ambiente da fé. Vá desprovido de preconceitos ou conceitos pré-concebidos, vá aberto a ouvir, perceber, viver e sobretudo, deixar-se amar. E se ainda asim, mesmo dando uma chance a Deus, você não sentir vontadee de ficar, lamento por não ter um irmão ou irmã na Igreja, em nossa casa. Mas sempre continuarei rezando por você. Sim, porque esta também é uma graça dada aos cristãos. Somos um, ainda que não estejamos perto. A comunhão dos santos nos dá esta graça. Não preciso morrer, como em algumas denominações, para estar todo tempo com alguém que amo, algum familiar. Eu posso estar com você cada vez que oro. E em cada Ave Maria, estaremos juntos, pois nela rezaremos: "Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém". Como pecadora que busca a conversão, incluo-me nesta oração e peço hoje, que a Virgem Santíssima, o traga para o seio de tua família espiritual. E que sinta-se acolhido (a) e amado (a) nela.

Deus nos abençoe, e viva o Batismo que recebemos! Bjs. Fantástica Vi.

Vejo você na próxima eucaristia! ;-)



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