sábado, 20 de março de 2010

Nosso estranho amor - Parte I


"Lutemos mas só pelo direito ao nosso estranho amor"
  ( Nosso estranho amor - Cetano Veloso)
 
I Parte - O que é esse tal de Amor?
 
Há tempos venho remanchando esse tema em meu interior. A idéia vinha e voltava, parando sempre calada na ponta dos meus dedos, como aquelas horas em que o suspense toma conta de nós, e ansiosamente perguntamos a nós mesmo: e agora, o que acontecerá depois deste segundo decisivo?!

Então, há palavras e pensamentos que demoram mais a sair de nossas almas, até pela gravidade e seriedade do assunto. Tememos falar demais, ou de menos, ou não sermos exatos no que pretendemos, enfim...Estava pensando outro dia sobre o amor...meu estranho amor (já falo dele...).

E, hoje, olhando o post sobre Sâo José, e vendo o quanto o amor dele também parece estranho para nossa sociedade atual, então, deu-me coragem para falar do que sinto. Quem sabe minha situação é a sua, ou a de outro que está ao teu lado. Então, vamos lá!

Há alguns anos conheci o Amor de Deus em minha vida. Foi uma experiência divisora de águas. Mudei muito, e durante anos com Ele presente na minha vida achava que não precisava conhecer mais amor nenhum, que experiência nenhuma, e principalmente humana (que absurdo!), não se compararia a tal fato. E de certa forma é assim mesmo. Porém, o Amor de Deus possui várias formas de se fazer presente em nossas vidas. Estas formas não signficam que Deus não nos ama por inteiro e de forma única, mas, significa que o amor dEle se manifesta em nossas vidas  através de nossos pais, nossos irmãos de Igreja, nossos irmãos de sangue, primos, amigos, professores, amores (sexo oposto, namorado, noivo, esposo)...

Todas estas formas são maneiras legítimas do Amor de Deus se fazer presente em nossa vida. E cada uma destas relações realiza maravilhas em nosso viver, pelo fato principal de serem relações vindas de sentimentos e atos concretos provindos da presenaça de Deus.

E foi no Caminho com o Senhor que aprendi a reconhecer as pegadas na areia  deixadas pelos amores que Ele já me presenteou na vida. Porém, confesso a vocês que conhecia o amor ágape, amor filia e amor eros apenas de conceitos formulados. Alguns, como o amor ágape, até achava que já havia aprendido com meus pais, meus amigos, meus irmãos de caminhada, porém vi neste ano o quanto o Amor Verdadeiro é um exercício exigente e em algumas circunstâncias digno de medalha olímpica para os que conseguem realizar.

O que? Eu disse realizar no lugar de sentir? Ah ta! É que o amor não é um sentimento, são atitudes concretas que damos em resposta ao chamado de Deus para todos: ser amor no mundo. Daí, a medida que as circunstância e contextos vão aparecendo, pessoas, verbos e predicatos, vamos dando forma ao amor que Ele nos presenteou.

Neste ano, de modo particular, posso dizer que conheci o amor na sua forma mais Coríntios 13 possível. Conheci alguém que me fez entender e experimentar, pragmáticamente, que o amor é uma dor grande demais para os acostumados a sentimentalidades entenderem. Dor? Sim, eu disse dor. Não existe amor sem a experiência da dor. Amar é dar-se tanto que chega a doer. Não que nos maltratemos, e ao mesmo tempo sim. Porque quando amamos, saímos de nós, matamos nosso egoísmo, nossa mania feia de querer as coisas pra gente, de insistirmos em dizer que queremos um amor para "ser feliz"...nos violentamos simbolicamente para extrair de dentro da pedra bruta de nosso ser, um diamante lapdado.

O Amor em pessoa (Deus) nos ensinou a melhor forma de conjudar o verbo amar, doando-se numa cruz! Isso mesmo, na primeira pessoa do singular: Eu me crucifico!

Quando amo, entrego-me na Cruz por alguém. Dôo-me a outra pessoa, que não precisa retribuir (e nem deve) o que disponibilizamos a ela (ou ele) do nosso ser. A resposta do amor, não é amor em troca, é deixar-se amar. E a felicidade verdadeira no amor acontece assim. Nem tanto quando nos sentimos retribuídos, mas, sabemos que quem amamos deixa-se amar, e uma vez acontecendo isso, conseguimos cuidar e zelar pelo ente amado. Ponto.

Logo, diante de tudo isso, e antes de passarmos - no próximo post - para a parte dois, respondo a pergunta feita no início, e que norteará a parte II deste post sobre Nosso estranho Amor: O amor é Deus. E temos contato com Ele, quando no cruzar (Cruzar. Veja a cruz presente aqui mais uma vez) com o outro em nosso caminho, nos doamos na Cruz por ele.

O Amor é Deus (I Jo 4, 8.16), e sabemos que amamos quando na experiência de sermos crucificados, temos no interior a alegria da ressurreição e vitória, que vem seguida da morte de nosso pecado (egoísmo de sermos sempre felizes pra nós mesmos) pregado na cruz.

Amém! Deus abençoe a todos. Até o próximo post ;-)

p.s- Antes da pergunta nos corações, respondo: Sim, eu amo alguém em particular, no sentido afetivo-amoros-sexo-oposto de se dizer que amamos alguém. Ponto.



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