sexta-feira, 22 de abril de 2011

Não quero Chocolate! Quero EUCARISTIA!


“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amo-os até o fim” Jo 13, 1

É Páscoa! Fiz planos em escrever um post sobre o Tríduo Pascal, mas não foi possível iniciar o post na quinta-feira santa. Faço-o agora, então. Quero falar sobre este momento para a Igreja e para o meu “planetinha”, assim o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, Dom José Carlos Chacorowski, definiu o coração humano na missa da Quinta-feira santa na sede da RCC. “Planetinha”...tão significativo...

Fico intrigada quando ouço algumas pessoas que professam religiões cristãs não-católicas, dizerem que “quando eram católicos” a vida espiritual deles era praticamente inexistente, atribuindo à Igreja esta apatia espiritual. É triste quando alguém não consegue perceber quando seu planetinha não está bem, e como se não bastasse, atribui sempre aos outros esse mal.

Queridos, a vida espiritual dos cristãos batizados deveria iniciar com a educação familiar, e continuar com a Igreja. Porém, no mundo contemporâneo, tornou-se comum não honrar as promessas do Batismo, tão pouco lembra-las. Diz-se que a religião é coisa para se escolher quando já se está adulto, quando as escolhas são mais maduras e conscientes. Mas se as escolhas que fazemos na idade adulta é uma soma de tudo o que aprendemos e vivemos durante a nossa história toda, como tomar esta decisão de forma consciente e madura se acabamos crescendo bebês na fé. Sim, pois a fé, tal como nossa idade cronológica, biológica e emocional, também precisa amadurecer. Para isso, é necessário olha-la com um olhar sério e comprometido, do contrário, criaremos adultos-crianças, muito semelhantes com muitos em outras áreas que existem por aí. E que acabam tornando a vida mais pesada do que deveria ser.

Outro dia parei para pensar que ninguém faz filmes falando sobre o “espírito da Páscoa”. Durante a Páscoa, as TVs costumam exibir filmes voltados para a história da Vida de Jesus, mas não lembro de ter visto filmes abordando como Esta História que mudou a humanidade entre antes e depois é vivida hoje pelas pessoas. Seria interessante. Durante o Natal, as pessoas costumam lembrar nas narrativas dos filmes que devemos viver a fraternidade, que devemos ser mais solidários e humanos. Mas, se é a Páscoa é que faz a história do nascimento ter sentido, porque as pessoas também não lançam esta reflexão neste período?

O Senhor Jesus venceu a morte. O Natal de Nosso Senhor só tem sentido para os cristãos em virtude de Sua Morte. Lembramos o nascimento dAquele que veio para salvar a humanidade das trevas.

Todos têm a liberdade para acreditarem ou não nesta verdade, para os cristãos, incontestável. Mas não se pode negar que é, no mínimo, reconfortante olhar para nossa fragilidade humana, tão miserável, tão cheia de defeitos e saber que existe Alguém além dos seres humanos, com poder infinito e amor extraordinário por nós, que torna a nossa existência transcendental. Capaz de olhar nossos impossíveis e dizer: Faça-se! Olhar nossos túmulos e dizer: “Vem para fora!”...

Acreditar que Cristo morreu e venceu a morte, que ressuscitou no terceiro dia, conforme havia prometido e que está Vivo no meio de nós é um ato de fé. Não é um gesto, não é algo puramente emocional, é um ato concreto. Acreditar na Ressurreição é traduzir em gestos concretos que o Senhor é capaz de dar vida nova ao mundo através de nossas vidas transformadas. Amém!

Bom, para os cristãos a liturgia da vida a nossa fé. É a forma que temos de celebra-la. Quando participamos da missa, dos tempos litúrgicos, não estamos simplesmente reproduzindo ritos herdados por uma Igreja ultrapassada para nossos tempos. Quem assim pensa, infelizmente, nunca poderá aproveitar a riqueza dos Sacramentos e do Cristo presente neles.

Ao contrário, quando vivemos a liturgia, participamos consciente e fervorosamente dela, trazemos à memória a história dAquele que nos deixou o próprio Corpo como herança para assim dizer: “Não vos deixo só”.

Ano passado eu estava completando um ano de envio como Ministra Extraordinária da Eucaristia, pela Paróquia de Santana. Paróquia onde está situada a sede da RCC de São Luís (MA). Mas apenas neste ano inflamou no meu peito um amor diferente, não digo novo, não digo que nunca existiu, mas foi um amor diferente dos demais anos na participação litúrgica neste período. Acho que o fato de termos recebido autorização do pároco para viver o Tríduo Pascal na Sede da RCC contribuiu. Achei então que seria interessante partilhar com vocês a explicação deste momento.

O Tríduo Pascal, como o nome já diz, são os três dias de preparação que a Igreja do mundo inteiro vive para o grande Domingo da Ressurreição. Inicia na quinta-feira santa, chamada popularmente de Missa do Lava-pés, mas que liturgicamente é a Missa de Instituição da Eucaristia, quando Jesus deu o novo mandamento aos discípulos. Na liturgia da Palavra, as leituras lembram a instituição da Eucaristia. A primeira leitura fala sobre a Instituição da Ceia do Cordeiro Pascal ( ), prefiguração da missa que temos hoje, não mais com um cordeiro animal, mas com O Cordeiro, Aquele que tira o pecado do mundo! Neste momento, Jesus assusta mais uma vez os discípulos, quando pega uma toalha e bacias para lavar os pés dos apóstolos. Ato que apenas os escravos - e na hierarquia dos escravos apenas o mais indignos – faziam. Deu o exemplo para que seus discípulos, em todos os séculos futuros, pudessem seguir: servir. Cristo, O Rei dos Reis, Senhor dos Senhor, é um Deus que veio para servir.

Contraditório isso, mas por isso mesmo lindo! Em todas as religiões apenas do Cristianismo tem um Deus que se coloca na condição de serviço aos Seus súditos. Nas demais, o ser humano é chamado a colocar tudo a serviço de sua divindade. Mas Fantástica Vi, os cristãos também não largam tudo para servir a Deus? Sim, mas não o fazem por coação. Fazem por que o amor que Ele desperta em nosso peito é tão grande, tanto e tamanho, que é impossível não querer retribuir o que Ele nos faz.

No final da Missa, o Santíssimo é transladado. Todas as hóstias consagradas são retiradas dos Sacrários, e os Sacrários do mundo inteiro ficam vazios neste dia. Após a Santa Ceia, com o beijo do traidor (Judas), Cristo foi tirado do nosso meio para passar por uma madrugada de flagelação e o dia da sexta também. É um momento de escuridão para nós. Cristo passará a madrugada padecendo por nossos pecados. Sem água, sem comida, sofrendo os martírios. O altar é desnudo, a toalha (branca, conforme a liturgia) retirada do altar e da credência, e o Santíssimo é transladado para ser adorado até o dia seguinte, às 15h, quando acontece a Adoração da Santa Cruz. Único dia do ano em que não há missa na Terra.

Segundo dia, Sexta-feira da Paixão, o Santíssimo permanece sendo adorado. Realizamos atos de reparação e desagravo a Jesus por todas as ofensas sofridas e ficamos na companhia do mestre, até as 15h.

Na celebração da Adoração a Santa Cruz a liturgia possui dois momentos. A liturgia da Palavra e o momento do beijo da Cruz. Na hora da Adoração o sacerdote realiza uma caminhada com ele do início da nave (a Igreja) até o altar. Acontecem três paradas, em cada uma delas, a faixa vermelha que cobre a Cruz é retirada. Este momento representa o véu que cai dos olhos da humanidade, até o último, lembrando o momento em que o Véu do templo se rasgou e o soldado, diante de Cristo, no momento de sua morte, reconhece a Divindade do Cristo.

Apenas no momento da distribuição da Eucaristia, que foi consagrada no dia anterior, na missa da Instituição, o altar é coberto novamente. O altar, para os que não sabem, representa a Cruz de Nosso Senhor e ao mesmo tempo a mesa da Ceia Sagrada. Nela os discípulos se reúnem em volta para comer o Corpo e o Sangue do Senhor, conforme Ele ordenou que fizéssemos.

Não há celebração fora este momento, em Igreja nenhum. Nem missa. Até o dia seguinte.

No sábado, último dia do Tríduo Pascal, em algumas comunidades acontece a missa da manhã. Mas é a partir da missa vespertina que a Igreja celebra a Vigília Pascal. Chamada Vigília das Vigílias. A celebração neste dia é dividia em 4 partes: 1- Benção do Fogo ou Lucernário; 2- Liturgia da Palavra; 3- Liturgia Batismal ; 4- Liturgia Eucarística.

Na Benção do Fogo, acende-se o Círio, que representa o Cristo. O sacerdote coloca os cravos no Círio, o Cristo, o Alfa e o Ômega, O Princípio e Fim, causa de nossa existência. A luz que resplandeceu em plena escuridão. Em seguida, na Liturgia da Palavra, a mais extensa do ano, são realizadas nove leituras, com salmos e um Evangelho. São sete leituras do Prime fazem a celebração é um pouco resumida, em geral nos lugares que oferecem risco para os fiéis voltarem tarde para casa. Eu mesma, apenas neste ano vou participar de uma onde serão feitas todas as leituras. E estou deveras feliz com isso! 

Após a Liturgia da Palavra, acontece a Liturgia Batismal. Os fiéis renovam as promessas do Batismo e neste momento, é comum acontecerem o Batismo de adultos. O que torna a celebração sempre mais bonita e emocionante.

Neste dia, não há intenções na Santa Missa, pois rezamos por todos, inclusive pelos que não crêem. Até pelos hereges, ateus e incrédulos. Pela Igreja militante, padecente e triunfante.

A liturgia Eucaristia acontece normalmente e recebemos o Cristo, como prelúdio da Ressurreição, que será no Domingo, primeiro dia da Semana, primeiro dia (diário) de nossas vidas.

Irmãos, parafraseando Vinícius (de Moraes) os não-cristãos que me perdoem, mas viver esta celebração é fundamental.

Que durante o Triduo deste ano o meu coração e o teu coração possa estar abrasado de amor por Deus. E que possamos dizer o mesmo que o Cristo: “Tenho desejado comer ardentemente convosco esta Páscoa”.

Abraços fraternos e sentimentos de uma boa Páscoa em família,

Fantástica Vi. Até Domingo!

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