domingo, 15 de maio de 2011

13 de maio de 2011 - Dia da minha Escravidão!


(Santa Catarina de Sena - serva e escrava dos Servos de Jesus Cristo)

Totus Tuus!

Nasci no dia 13 de maio de 1979. Muitos anos depois da (polêmica) lei Áurea que alforriou os negros no Brasil. Confesso que desde que me entendo por gente esta era a única referencia que tinha quando lembrava da data do meu aniversário. Era interessante falar que nasci em um dia importante por alguma coisa. Pois, não pensava na época que meu nascimento já é um acontecimento (modesta).

Quando alguém me perguntava sobre o dia do meu aniversário, prontamente, respondia: "13 de maio. Dia da Libertação dos escravos". Nossa, este dado histórico me deixava lisonjeada (risos). Não que não seja, mas com o tempo, esta data foi criando outros significados para minha vida. Vou tentar ser breve, quero levar você aos passos históricos desta mudança:

1997 - No final da década de 1990 eu tive uma experiência de ordem religiosa em minha vida, que foi um verdadeiro divisor de águas. Desde então, conheci uma figura no Catolicismo que passou a ganhar um lugar privilegiado em minha caminhada. Tive uma experiência forte com o Pentecostalismo Católico e Maria Santíssima, Nossa Senhora de Pentecostes (que recebe vários nomes, mas é a mesma Mãe de Jesus), passou a ter um lugar privilegiado em minha vida. Desde então, não era mais tão signficativo associar meu nascimento ao dia da Libertação dos Escravos. Gostava de dizer, prontamente, quando alguém me perguntava sobre o dia do meu aniversário: "13 de maio. Dia de Nossa Senhora de Fátima". E olha que só muito tempo depois soube de minha mãe que havia nascido, também, em um Dia das Mães :-)

A experiência ainda era puramente de referências. Afinal, eu passava de um estado de vida praticamente morto, no campo religioso, e ressuscitava para uma Vida Nova, cheia de delícias e novas descobertas. Viver uma experiência com o Espírito Santo de Deus, de fato, tal como foi com nosso amigo Saulo (At 9), é um verdadeiro abandonar de escamas, que muda completamente o rumo de nossas vidas. É estar à caminho de Damásco, e deixar as certezas que tinhamos, para irmos (tateando, mas seguros) para um mundo cheio de experiências extraordinárias. Umas dolorosas (mas nem por isso ruins) e outras gozosas, mas, todas marvilhosas e vivificantes!

Eu não tinha tanto conhecimento assim sobre Maria. Sabia o que a maioria dos católicos e não-católitcos sabem, que tratava-se da Mãe de Deus. Por isso, supunha-se uma certa importância, mas não tinha dimensão do quanto. Ainda assim, havia um respeito muito grande em meu coração por Maria. Afinal, Mãe é mãe!

Em 2002, no Grupo de Oração Macabeu, reunida com  irmãos-amigos, decidimos adotar como intercessora Maria, na figura da Rainha da Paz. A motivação era o livro dos Macabeus ( II Mac 7, 1-42), onde a mãe de sete jovens fiéis a Deus, os vê sendo martirizados, mas os encoraja a serem firmes na fé do Deus Vivo. Os sete jovens morrem, mas a Mãe permanece fiel ao Deus e aos filhos, crendo no Poder de Deus e na ressurreição. A tradição da Igreja, acusa esta mulher como Nossa Senhora. Que também intercede e olha pelos filhos seus, fiéis a Jesus. Então, meus amigos e eu, passamos a meditar o rosário, diariamente, como nos pede a Virgem da Paz em Medjogorje. Neste ano eu passei a amar mais Maria, e tornei-me devota do Rosário Diário. Achei até uma mensagem de Maria, datada de 25 de agosto de 1997, ano do início de minha conversão ao catolicismo.

No mesmo ano (2002) como que a confirmar nossos votos, o Papa João Paulo II, agora beato, decreta o ano do Rosário (2002/2003), e lança a carta apostólica "Rosarium Virgini Mariae". Nesta ocasião, ele explica a importância do Rosário na  vida cristã, declara-se como um grande devoto de Maria e confessa ser o rosário sua oração pedileta, e acrescenta um mistério aos três terços do Rosário: "Os mistérios da Luz". Contemplando a vida pública de Jesus, segundo ele, uma lacuna para a reflexão da história de nossa Salvação, através da escola de Maria. Sendo assim, o Rosário passaria a ter 4 mistérios e não mais 3, como se costumava rezar.

Eu já conhecia os méritos da Virgem Santíssima para interceder por nós. E rezava cada vez mais piedosamente o Santo Rosário, com testemunhos muito bonitos das graças alcançadas em virtude da Intercessão da Mãe. Tendo como os mais marcantes, a libertação de minha mãe e irmãos do vício do fumo.

Associar a data do meu aniversário a libertação dos escravos estava longe de ser uma comparação predileta para ser usada por mim. Agora tinha outros atributos, mais valiosos, para acrescentar a data. Além de ter sido o dia do meu nascimento, claro. E, neste ano, 2011, tive uma experiência fantástica com Maria. Desta que só temos com as pessoas que amamos mesmo. Explico:

Assim acontece quando amamos alguém.  Julgamos conhece-la (o), saber suas qualidades, jeito de ser, virtudes, caracterísicas, mas um belo dia, por mais que os anos tenham se passado e a intimidade tenha tornado o extraordinário daquela pessoa, uma rotina em nossas vidas, você se depara com um dado novo deste ser. Daí o amor refloresce. Assim é quando amamos alguém, de verdade, fugindo do pieguismo e do sentimentalismo puro. E assim foi comigo e Nossa Senhora.

Nesse ano, através de um amigo, conheci O Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Monfort. Na verdade, já havia ouvido falar sobre O Tratado, mas sem aprofundar o tema. Foi após um Retiro que o mesmo participou no Rio em novembro do ano passado, que o fez ter contato com a devoção de Consagração total a Jesus através de Maria. Devoção para sermos escravos de Jesus em Maria. Sim, eu disse escravos. Achei curioso o interesse e como nunca havia me detido muito ao tema, tratei logo de saber mais junto a meu confessor (Fr.Rogério, uma Ave Maria por ele agora, por favor!), que prontamente emprestou-me um livro que contava a história de São Luís Maria Grignion de Monfort, o que me ajudou muito a entender os motivos que o levaram a resgatar a devoção a escravidão por meio de Maria, que data os primeiros séculos da Igreja.  Devoção esta feita por vários santos e Papas da Igreja, incluindo beato João Paulo II.

Nesse mesmo período, curiosamente (providencialmente), uma amiga (Débora Dee, escrava de Jesus em Maria) me convidou para particpar de sua Consagração, que seria no dia 8 de dezembro (a Consagração precisa ser feito em uma festa solene, dedicada a Nossa Senhora). Não fui à Consagração, mas o fato do ocorrido no parágrafo anterior, e o narrado agora, terem acontecido no mesmo período, me fez persistir na busca do Tratado.  Somente em março deste ano comprei o livrinho, com o intuito de conhecer a Consagração e decidir se iria consagrar-me a Maria ou não.

Decidi-me, tornar-me escrava por amor. É estranho, eu sei, em um mundo que fala com tanta propriedade sobre "liberdade" e acabam sendo muito mais libertinos do que livres, é estranho falar sobre liberdade. Mas, como os contextos e histórias, alteram o significado das palavras para todos, posso dizer sem medo de errar, que a liberdade experimentada pelos não-cristãos, definitivamente, não é a mesma liberdade dos que se colocam como escravos por Amor a Cristo. Indico a leitura da vida de São Luís Grignion e a leitura, claro, do Tratado, a todos que desejam conhecer esta liberdade interior, que reflete no exterior.

Queridos e queridas, hoje, quando perguntada agora sobre a data do meu aniversário, prontamente, responderei: "13 de maio. Dia de minha escravidão a Jesus em Maria". Sou Consagrada agora, solenemente a Nossa Senhora e Nosso Senhor. Já o era, eu sei, desde o dia do meu batismo sacramental, ratificado no dia do meu batismo no Espírito Santo, mas hoje, solemente.

Nâo quero me deter aqui sobre a preparação ou o que foi o dia. Queria poder ter registrado com uma linda foto, mas, aprouve a Deus que apenas os Céus e os irmãos presentes na celebração da Santa Missa do dia 13, às 17h30, Igreja de São João Baptista, centro histórico de São Luís, fossem testemunhas desta graça. Além deles, três amigos queridos se fizeram presentes: Flávia Tereza, Júnior e minha afilhada de Crisma, Talita Suellem. 

O rito é realizado após a Eucaristia. E fiz a minha sozinha Consagração, pedindo apenas que pudesse fazer parte da mesma cerimônia junto com o irmão da Fraternidade O Caminho, que fez neste dia também.

Quanto a escravidão, meus irmãos, Cristo, lá em Jo 13, capítulo que fala sobre a santa ceia, diz aos apóstolos que Ele era o Mestre e Senhor e que por isso mesmo, deveriamos seguir seu exemplo, sendo servos. Porque Ele não veio para ser servido, mas para servir. Um Rei diferente, por ser O Rei. Nesta época, havia uma hierarquia entre os escravos, e apenas os mais baixo na hierarquia dos escravos (função por si só humilhante), é quem devia ter o ofício de lavar os pés dos visitantes. Veja, Cristo pega a  bacia, a toaha e água e lava os pés dos apóstostolos. Mais, declara que desejou ardentemente ceiar com eles naquele dia. Queridos, Cristo coloca-se a serviço dos que o haveriam até de negar, para mostrar que a nossa função em servir passa pela solicitudo com o outro. Até mesmo em tarefas pouco pomposas no mundo em que vivemos.

A escravidão a Jesus, em Maria, no entanto, não ganha a mesma conotação da escravidão histórica que conhecemos. Que humilha o ser humano, que acaba com sua dignidade, que o faz ser menos e coloca critério de valor entre ele e outra pessoa. Não, de forma alguma! Lá, no mesmo João, capitulo 15, Jesus diz que não nos chama de servos, mas de amigos. O nosso Senhor, e portanto Nossa Senhora, não nos tratam com a mesma repulsa e desprezo com que os senhores de nosso tempo tratam os seus escrevos e servos. Para Ele somos amigos.  Devemos ser amigos de Deus, servos de Maria, no sentido de fazer tudo por Ela, com Ela, para Ela, pois assim, sendo assim, estaremos cumprindo o único pedido que vimos ela fazendo "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5). E se fazemos o que Deus quer,  Ele que é infinitamente bom e perfeito, como podemos errar em nossa vida?!

Servir a Maria, é servir o Próprio Cristo, pois ela se colocou como escrava do Senhor (Lc 1, 38).

Confesso que fiquei ainda na dúvida se usaria os sinais externos de consagração ou não (as correntes), conforme sugere São Luis Maria Grignion de Monfort. No entanto, ele deixa claro ser opcional, apenas para os que desejam faze-lo. Porém, após a primeira missa do dia em que participei, ao meio dia, fui impulsionada por uma firma vontade interior a adotar o sinal. Decidi então, que colocaria as correntes no braço e no pescoço, lugar onde já guardo o escapulário da Virgem do Carmo.

Que sejam sinais externos, do que em meu interior é uma verdade, a servidão absoluta a Nosso Senhor, através de Maria.

Hoje e doravante,  meus amigos, assim como aconteceu com o dia 13 de maio de 2011, só lembro que sou escrava. Totus Tuus, Maria! Não tenho mais vontades, e isto antes de ser para mim uma prisão, torna-me livre como jamais fui. Pois não foi-me algo imposto, ou tão pouco fui roubada. Sou escrava por vontade própria. Porque reconheço que não há lugar melhor do que o Coração do Mestre (Jo 13) e o Coração da Virgem Maria.

Eis uma nova realidade para Virginia, que mudou meu mundo, a exemplo do beato João Paulo II e de tantos outros que fizeram esta radical opção. "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra" Lc 1, 38.

“Dou-Vos graças, Senhor, por Vos terdes aniquilado a Vós mesmo, tomando a forma de escravo, para livrar-me da cruel escravidão do demônio. Eu Vos louvo e glorifico por Vos terdes querido submeter em tudo a Maria, Vossa Mãe Santíssima, a fim de, por Ela, tornar-me Vosso fiel escravo” — S. Luis Maria Grignion de Montfort























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