segunda-feira, 23 de março de 2009

O buquê que não peguei (Parte II)



O casamento passou, o fora passou...e um belo dia, soube notícias de meu amigo piauiense, Inácio (Liminha), lá das bandas de Fortaleza, onde mora há alguns anos a trabalho. Era ele, convidando os amigos para seu casamento com Thatyla Nayara. Quem diria...não foram dez anos, mas foi quase...acho que essa história durou uns oito anos para se consumar. Inácio tem a mesma idade que eu, e o conheci através do Ministério Jovem, quando éramos coordenadores diocesanos do Ministério em nossas respectivas Dioceses. Ele na capital do Piauí, e eu na capital maranhense.
A amizade vem muito antes disso, claro, do coração de Deus. Várias partilhas, dúvidas na caminhada, histórias e vitórias foram compartilhadas por nós dois. Vi até Inácio assumir a coordenação nacional do Ministério Jovem da RCC. Uma verdadeira benção! Thatyla, sua esposa, residiu 6 anos em São Luis, onde concluiu o curso de medicina pela Universidade Federal do Maranhão. A cerimônia de matrimônio dos dois foi no Piauí, terra natal dos noivos, e não pude estar presente. Mas, puxa, como queria. Do casamento de Márcio para o casamento de Inácio, passaram-se trinta dias. Eles casaram em maio. Mês das noivas, mês mariano, mês do meu aniversário. Eu não disputei buquê (mas queria...).

Nesse ínterim, fixei morada no Grupo de Oração A Voz do Bom Pastor, que tem sido minha casa espiritual, e berço de muitas alegrias, desde o começo desse ano. Lá, meu quarto casamento do ano esperar-me-ia. Carlos Eduardo e Kátia casaram no dia 11 de julho de 2008. Que lindo! De todos os casamentos esse foi o que mais participei. O Grupo de Oração ficou de ajudar na organização, e pude contribuir para a felicidade desses dois amigos tão caros pra mim. A reflexão continuava: “Quarto casamento...Senhor, o que Tu queres de mim?”. O que quer que fosse, a resposta continuou sem buquê...

Então, um mês depois do casamento de Gleyson, veio o casamento de Márcio Nilson. O "Louco da Cruz", assim o chamávamos na época em que ele voltou do ENJ de Brasília, em 2003. Márcio namorava há mais de 10 anos. Não arrisco dizer a data exata por acreditar que 10 anos é um bom exemplo para que você que acompanha essa história, possa entender que demorou muito, muito, mas muito tempo para ele casar. Daí, no dia do casamento de Márcio, outra reflexão, e outro contexto...Eu estava apaixonada...um bonito rapaz, voz grave, jeito viril, menino da Igreja e de oração (sim, nem sempre, no mundo em que vivemos, esses fatores estão juntos, mas, nesse caso, estavam casados). Sem que o mesmo demonstrasse um pingo de interesse por mim eu estava, como diriam os portugueses, a esperar um resposta dele.

Namoro ou amizade: bastava ele decidir isso para me deixar mais feliz (sim, porque feliz eu já estava por gostar dele como há muito não gostava de ninguém) ou voltar à busca. Na verdade, o nome mais apropriado não seria busca, mas espera. Enquanto a resposta não vinha, eis que vem um santo de Deus a falar: “- É...todos os patriarcas estão casando...só falta tu e Graça”. Graça era uma amiga minha de longas datas, amiga do coração, que vive comigo o Ministério Jovem dentro da RCC.

Como eu vi o Ministério Jovem nascer em São Luís (em 1998), e fui a transmissora de suas origens durante anos para que o mesmo não apagasse no Estado do Maranhão, então, todos me viam como uma figura histórica dentro do Ministério, o que acabava acarretando-me uma idade simbólica bem maior que minha idade cronológica verdadeira...Quando conheci Graça, em 2000, ela morava em Santa Quitéria, porém, desde 2005, mora em São Luís, onde continua servindo ao Senhor.

Haja coração! Acho que pensando no condicionamento físico de minhas emoções, o Senhor poupou-me de pensar em casamento por alguns meses. Até que...“quando entrou setembro...”mais dois casamentos de amigos aconteceram: Daveth e Arlete. Conheci Daveth, o “ciariba”, ou “muqueca”, ou ainda “o pregador comediante” do Ministério Jovem de Fortaleza, na Equipe Nacional de jovens da RCC, em 2001. De lá para cá, vários congressos na família jovem da RCC, e outros tantos encontros virtuais no nosso bom amigo msn, nos garantiram reencontros. Daveth casou no dia 13 de setembro de 2008. Eu rezei por eles, pelos noivos, e não pude estar em Fortal, para cerimônia. Não ganhei buquê, mais uma vez.

Quanto a Arlete, também conheci-a em um ENJ, Goiânia, 2002, o mesmo que me fez conhecer Gleyson, amigo do primeiro casório do ano de 2008. O sorriso de Arlete marca sua amizade com qualquer pessoa (risos). Partilhas de vida, vários congressos juntas, e muita alegria e unidade em Cristo marca a caminhada de nós duas. Arlete era namorada de Júnior (que conheci apenas em 2007, até essa data, só o conhecia de ouvir dizer, muito bem dizer, por sinal.), até esse ano. Em maio, quando a Equipe Estadual foi fazer um retiro em Caxias, município maranhense, soube que noivou. Não tinham previsão ainda de casar...daí, quando se aproximou o Encontro Estadual de jovens em Caxias, que aconteceria na primeira semana do mês de setembro, ela dá a notícia: - Vou casar dia 20 desse mês”.

Nossa, Arlete namorava com Júnior há 14 anos...E, quem sabe exagerando um pouco, mas, com um tempo quase assim, eu não tinha ninguém para dizer que iria namorar durante anos, até o dia do casamento...É, fiquei feliz, muito feliz por meus amigos! Infelizmente, problemas logísticos me fizeram não participar da cerimônia. Mas, bem que eu queria, afinal, aquele marcava o sexto casamento de grandes amigos meus no ano de 2008.

Eles vieram passar a lua-de-mel em São Luís, e, vejam que meigo, desejaram ver Graça e eu, as solteiras, quando aqui chegaram, mesmo estando em lua-de-mel. Achei bonito porque, uma vez não podendo estar no dia do casamento com eles, eles pensaram nos grandes amigos que queriam ao lado. E no dia 24 de setembro de 2008, em uma casa de praia na Ilha de São Luís, regados à coca-cola, pizza e chocolate bizz (não é comercial, viu? Apenas ficou marcado), comemoramos a alegria de nossos amigos, que naquele momento era nossa alegria também. Lembrei agora de duas passagens que vieram a minha mente durante esse relato, ambas pós-ressurreição: a passagem em que Jesus apareceu aos seus amigos, comeu com eles, e o coração deles se abrasava (Lc 24,32); e o dia em que ele apareceu, também após a ressurreição, e preparou uma refeição para todos (Jo 21,9-12), enquanto voltavam de uma pescaria .

A refeição é um momento de intimidade, principalmente quando acolhemos pessoas em nossa casa. Geralmente, só chamamos para comer conosco as pessoas que nos são caras, amigas, queridas. Que alegria foi aquela refeição: comemos, partilhamos da união fraterna, que tanto abrasou nossos corações, e tiramos uma foto para registrar o momento. Só faltou a fogueira, mas nossos corações estavam aquecidos pelo Fogo do Espírito Santo. A foto ficou escura, tirei do meu celular, mas não pretendo apagá-la. Naquele dia, antes de ir embora, prometi aos dois, vou escrever sobre isso: “O Buquê que não peguei”. Eles sorriram...

Aqui estou, para escrever sobre “o buquê que não peguei”...Louvo ao Senhor, do fundo do meu coração, pela alegria de cada amigo meu que casou nesse ano. Aproveito para louvar pelo casamento de Fernanda, de Anderson, de João Vitor e Izabel, nos quais não pude participar, e, na época, nem era tão pensativa sobre casamento, assim. Nunca casei para saber descrever a situação – e talvez seja única e indescritível, mesmo -, mas acompanhando esses casais durante esse ano, vejo o quanto a felicidade é divina. Só Deus é capaz de criar pessoas para amarem a vida toda.

Engraçado, lembrei agora que quando eu tinha 21 anos, não pensava em casar (isso foi depois de ter pensado em ser monja, que, por conseguinte foi depois de ter pensado em ser celibatária e mártir, e também depois de não pensar em nada sobre isso) pois achava que nunca conseguiria amar uma pessoa a vida inteira. Na época, conceituava o amor como um sentimento. Hoje sei que o Amor é perfeito demais para se traduzir e se resumir no que sentimos, nossos sentimentos são tão confusos...Seria injusto demais ter que sentir o amor. Sentimentos passam, o amor não ( Primeira Epístola de São João, capítulo 4, versículo 8: “Deus é amor”).

Pensamentos também passam, e mudam, graças a Deus (risos). Isso alivia quando lembro agora que esse pensamento sobre não conseguir amar alguém a vida inteira, ou mesmo achar que amor é sentimento, passou. “Tudo Passa, só Deus não muda”, dizia Santa Tereza D’Ávila ( Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 13, versículo 8, carta mais conhecida até pelos pagãos: “o amor jamais acabará”).

Hoje, quero escrever sobre “o buquê que não peguei”, uma metáfora, na verdade. (“Quando o dia tem cheiro de festa, ser feliz é muito bom! Sonhos brilham no meio da testa. Plaft, Ploft, coração...” Estava ouvindo essa musiquinha do Balão Mágico agora). Metáfora que fala sobre sonhos e realizações, sobre amores e projetos, sobre felicidade, partilha, alegria e Deus. Quero dizer que não pude estar no casamento de todos esses meus amigos, mas, que a moção do Espírito que me fez “lutar” (pois “Tudo Posso”!) pelo buquê de Márcio e Rose, é a mesma que me moveu desejar o buquê de cada um, mesmo não podendo estar presente em todos os outros quatro momentos. Dizer que sei perfeitamente que as flores são efêmeras, mas, simbolizam tanto a ternura de Deus por nós. Queria pegar o buquê de cada um, para dizer que a alegria no coração de todos, é a minha alegria.

Eu não estava presente no casamento de quatro desses amigos, e mesmo tendo ido ao de Gleyson e Fabiana, não pude pegar o buquê. Não contei isso no começo da história, mas, lembrei agora o motivo. A vontade estava latente, transbordando, na verdade. Mas, tive que ser arrancada às pressas da Igreja, pois tínhamos que retornar em nossa viagem de 40 km até o lugar onde estávamos retirados. Fui triste, porque queria muito aquele buquê. Seria o meu primeiro.

Mas, disse isso para frisar que eu quis, mesmo tendo ido embora antes da hora da disputa. Quis, assim como quis o de Inácio, o de Carlinhos, o de Daveth e o de Arlete. Rejubilei-me com a alegria de cada um, pois sei que todos eles, colocaram suas vidas nas mãos do Senhor, e por terem feito isso, Deus realizou o sonho de cada um deles. Amo cada um desses meus amigos, meus tesouros, preciosos, que o Senhor me deu (Eclo 6,14 “Um amigo fiel, é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro”).

Hoje não tenho mais 21 anos, e até já penso em como seria casar, embora nem imagine o dia do casamento. Oito anos se passaram...estou para terminar o Curso de Comunicação Social, Rádio e Televisão, alguns desses meus amigos que casaram nesse ano, já são até pais...(sejam bem-vindas Sara Vitória e Márcia Rebeca! Jesus ama vocês,crianças!), e, quanto a mim, nem namorado tenho ainda... Por isso, não sei quando, não imagino como, não faço planos, não tenho pretendentes (pelo menos, não que me queiram...), e nem sei se será realizado o que desejo, mas, se me é permitido fazer algum pedido, peço ao Senhor, um dia ser o meu buquê, que em câmera lenta, na velocidade de milésimos de segundos, repousará nas mãos de uma “Maria” que deseje ser de seu “José”para vida inteira, até a eternidade...

Finalizando, lembro da Palavra: “Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou(Isaías 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”, Primeira carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 2, versículo 9.
O buquê que não peguei é o amor que ainda não alcancei.


Por Virgínia Diniz Ferreira
Tempo de Graça, 28 de Setembro de 2008

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