segunda-feira, 23 de março de 2009

O buquê que não peguei...(Parte I)



A priori, quando pensei em escrever esse texto, imaginei colocar como título: “O ano em que todos os meus amigos se casaram”. Porém, seria uma injustiça falar isso, uma vez que outros tantos grandes e bons amigos meus ainda estão como eu: sem-ninguém-nem-à-vista. Outros, ainda namoram, sem previsão para noivado ou casamento. E outros, tão queridos e admirados quanto os demais, já casaram. Encabeçando a fila, posso citar como exemplos: Fernanda Vanessa, Anderson Dias, e João Vitor e Izabel. Logo, falar que todos os meus amigos casaram nesse ano de 2008 seria um tanto quanto leviano de minha parte. Daí, resolvi escrever sobre “O buquê que não peguei”.

Pelo título a história parece até obvia, mas, como diria algum teórico conhecido que minha professora maestra Rose sempre cita, mas não diz os créditos: “o obvio nem sempre é tão claro e obvio assim”, então, penso que . O que significa que preciso explicar o porquê do título anterior, e do título atual. O ano de 2008 foi um ano atípico em minha vida. Eu, do alto dos meus 29 aninhos muito bem vividos e abençoados por Deus, nunca (apesar de muitos convites) havia participado de uma cerimônia de casamento, até esse ano. Gleyson, Márcio, Inácio, Carlinhos, Daveth, Arlete... Sim, amigos, foram seis casamentos nesse ano. Para chegar ao número da perfeição só faltou mais um. Mas, quem sabe, o ano ainda não acabou. O fato é que todos, com exceção de Gleyson, já estavam juntos há mais de 10 anos, colocando aí, namoro e noivado. Apesar disso, ninguém imaginava (nem mesmo eles) que escolheriam esse ano para casar. Todos têm histórias muito lindas de conhecimento e crescimento no Senhor durante esses anos todos, são amigos meus da Igreja e partilham ideais de vida cristãos iguais aos meus. Para eles, namoro pra valer é namoro casto, e casamento bom é casamento com propósitos de vida eterna. Eu também penso assim.

O que quero dizer, caros internautas, é que se esses amigos casaram, cada um viveu uma linda história de amor. Com direito a suspiros, beijos, friozinho na barriga quando se olha o ser amado, alegrias, amizade sincera, lágrimas partilhadas, separações, reconciliações (Ecle 3,5 “tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se”), e todas as demais experiências maravilhosas que unem um casal, até o ponto de torná-los uma só alma.

Tudo começou com Gleyson. Entre namoro e noivado, três meses. Sim, eu disse três meses. Não me pergunte porquê, essas explicações, só Deus pode dar. Só Deus, mesmo! O fato é que um dia, voltando do Grupo de Oração, quando dei por mim já estava sendo convidada para o casamento de meu amigo. Fiz uma verdadeira viagem de 40 km para participar do casamento, pois no dia estava em um sítio muito, muito, muito longe da Igreja onde o mesmo foi celebrado. Não peguei o buquê do casamento, e, acho que naquele dia, uma reflexão, que continua ainda hoje, começava em mim...

Conheci Gleyson em 2002, quando ele desejou participar de uma caravana para o ENJ – Encontro Nacional de Jovens da RCC, na qual eu era a organizadora. De lá para cá, deixei de ser tão próxima (em termos espacial) dele algumas vezes, quando ele foi para o seminário, e quando ele vazia experiências vocacionais também em outras ordens fora de São Luís. Fora isso, era sempre bom olhá-lo. A perseverança dele sempre foi muito bonita de acompanhar.

Como um efeito mágico do cinema, aquelas palavras fizeram umas estrelinhas caírem em minha face, dando a idéia de que alguma coisa estava acontecendo comigo naquela hora...E se estivessem filmando, provavelmente uma trilha incidental começaria a tocar, enquanto o câmera faria um close no meu olhar. Olhar vago, como quem se perde no infinito dos pensamento...É, eu estava perdida...Perdida com pensamentos e sentimentos mil, naquela hora: alegria, tristeza, serenidade, aflição, pensamento no futuro, olhar no presente, feridas do passado, sentindo-me amada e rejeitada ao mesmo tempo. Tudo-ao-mesmo-tempo-junto-na-mesma-hora. O fato é que, por fim, queria aquele buquê. Aquele desejo brotou no meu coração como a bela rosa do planeta B612, que um dia chegou na vida do Pequeno Príncipe, na história de Exupéry, de repente, não mais que de repente. E eu acalentei-a. Para mim, naquela hora, aquela vontade era algo divino, e foi. Era como se Deus quisesse me dar um presente. E acredito que, mesmo só lembrando desse desejo agora, foi aquele desejo que me fez não duvidar um instantezinho sequer que aquele buquê seria meu.
Eu não queria casar naquela hora, e nem sabia se levaria um fora do meu bonito rapaz, por quem suspirava ( e levei! Outro dia, quando sentir-me preparada para partilhar, e antes de tudo, sentir que devo, conto a vocês como foi essa outra história, que não deixou de ser de amor como outras só pelo fato de não ter tido um “final feliz” padrão. Mas, pelo contrario, fez-me muito grande, e fez-me amar muito e mais, justamente por ter desenrolado-se do jeito que foi). Eu só queria aquele buquê, como quem agarrava um momento muito especial na vida de todos, que merecia grandes recordações como aquela (leiam depois: “A saga do buquê”).
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