sábado, 16 de janeiro de 2010

A Grande Família



Hoje temos um papo, literalmente, família. Cresci, caros leitores, em uma família grande, tanto por parte de pai como por parte de mãe. Nunca pude de fato resgatar minha árvore genealógica de tão grande que é mas, tenho pistas interessantes e referencias significativas do meu clã. Apesar de não ter nenhum dos meus avós vivos. Sou uma neta orfã de avós. Mas, tenho boas recordações deles, e é pontuando estas recordações hoje que quero falar sobre nosso tema: Família!

Minha avó por parte de mãe, Maria José Lindoso Diniz, faleceu quando eu tinha 13 anos. Pude viver pouco com ela, mas um relacionamento bem intenso. E já explico porque. Minha avó teve 24 filhos.

É eu sei, você deve estar comentando agora: "Não havia televisão na época". De fato, mas não foi só por isso, acredito. Não cheguei a conhecer meu avô paterno, quando nasci ele já havia falecido (morreu quando minha mãe tinha 14 anos). Mas, lembro que a familia gostava de falar com requintes de detalhes o falecimento dos 14 filhos, dos 24 da família. Nossa! 14 óbitos de 24 partos é duro. Minha avó só poderia ser uma mulher muito forte. E era uma pessoa de têmpera mesmo!

Lembro de ter crescido convivendo com a doença dela. Passava minhas férias lá, e todas as vezes que ficavamos sem empregada em casa mudavamos para a casa de minha avó, que sempre tinha alegria em receber os netos, de modo particular eu e meu irmão Lulu (Luís Fernando, que depois de adolescente detestava ser chamado pelo apelido.rs).

Das não tão remotas lembranças que tenho dela, Dona Zezé, como era chamada pelos amigos, recordo-me de seu sorriso, sempre largo e sincero. E das vezes que ensinava eu e meu irmão brincar de perna-de-pau com latas de Neston (não é propaganda, viu?). Detalhe, minha avó tinha problemas de locomoção. Andava com muletas na época, depois passou para acadeira de rodas e, por último, não saía mais da cama. Viveu uma via crucis em vida, mas, lembro sempre dela sendo avó.

Não me recordo nunca de tê-la visto falando mal de alguma nora, ou genro. A família, todos os dez filhos, genros, noras, netos, bisnetos, iam para lá nos finais de semana para almoçar tradicionalmente no domingo e convesar depois do almoço. Não recordo-me de brigas ou desentendimentos nesta época.

Até que...um belo dia, como acontece com a ordem natural da vida, minha avó morreu. Lembro que no cemitério chorei pelas vezes que não quis ir para a casa dela mais, pois, adolescente, queria ficar nos domingos com meus amigos (que nem sei por onde andam) e não mais lá. Depois de sua morte a família nunca mais se reuniu. E quando digo isso, não me refiro só a estarem presentes no mesmo espaço físico.

Após a morte de Dona Zezé, tudo mudou. E a família já não permaneceu tão unida assim. E olha que acho que estou sendo até eufêmica quando falo "não tão unida assim". Mas, deixemos os pormenores (grandes) ruins pra lá. Hoje quero falar de reencontro, de família reunida e de celulas tronco :-)

Hoje o clã Lindoso Diniz se reencontrou. Rezaram, conversaram, lancharam e nem brigaram. Não estavam todos reunidos, mas boa parte estava presente, e foi um momento ecumênico curioso em meio aos espiritas, umbandistas e católicos da família. Até as visitas não esperadas que chegaram rezaram. Foi um momento bonito. Creio que Jesus disse hoje "Tenho desejado ardentemente comer esta ceia com vocês".

Hoje fui a Marta da passagem bíblica. Fiquei na cozinha, enquanto os demais rezavam. Ao contrario da passagem, porém, eu não reclamei pelas Marias terem escolhido o Mestre. Eu estava lá, em espírito, mas estive. E, fiquei feliz pela iniciativa de minha madrinha freira, Ir. Janira, da Congregação de São José de Concórdia.

Ah, sim, a família de meu pai! Como podem ter observado, eu não cresci com muito contato com eles. Alguns primos chegaram a morar em minha casa, mas, a presença mais marcante talvez tenha sido a da minha avó (sempre elas, não é verdade?) paterna, de quem herdei o nome forte e marcante: Virgínia. E escapei de ter sido Luciana (risos). Ela tinha cabelos grandes, lindos, e que sempre quis ter as madeixas como as dela. Quem sabe um dia...

Minha vó Virgínia chegou a morar aqui, perto de sua morte. Ela teve câncer, e escolheu todo o seu enxoval fúnebre. Fez questão de escolher o caixão, as mortalhas e não quis fazer o tratamento combatendo a doença. Preferiu se conformar e morrer em casa. Não quis tentar.

Minha avó era protestante. Não lembro qual denominação, mas, quando meu pai, recentemente, teve um princípio de infarto, nas noites conversando com ele no hospital, tentei extrair lembranças dele sobre isso. Perguntei se ele não ia também, se ela era "evangélica" há muito tempo, antes de morrer. Ele contou que a princípio meu avô não queria ela na crença. E um dia, meu pai foi atropelado por uma carroça, para poder avisa-la a tempo que meu avô estava chegando em casa, pois ele não queria ela na Igreja.

E é isso, essa familia com vinte irmãos (dez paternos e dez maternos) geraram outros tantos netos e bisnetos. E hoje, mesmo perdida nesta árvore genealógica grande, vi parte desta família reunida.

E aí entra o assunto da bendita célula tronco. O Papa João Paulo II dizia que a família é a célula da sociedade. E de fato, vendo um pouco das representações que temos hoje de família moderna (dos mais cômicos, como na Comédia da Vida Privada, de Luís Fernando Veríssimo; ou A Grande Família, seriado da Globo. Ah, não é propaganda, viu?; Até os mais científicos como Gilberto Freire em Casa Grande e Senzala ) vejo o quanto essa célula precisa voltar a ser tronco. Ter uma matriz, ter consistência, ter raízes.

E, neste pensamento, quero fazer um pedido a Deus: Senhor, que neste post todos os leitores, e os que não leram também, possam ser abençoados, e que suas famílias estejam enraizadas em Ti, Senhor, que é a Rocha firme e árvore da vida de qualquer genealogia. Amém.

Um abraço na família! :-) E viva o Clã Diniz Ferreira!

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