quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O fantástico mundo da leitura



A linguagem é um recurso riquíssimo de construção de significados para o homem. Além disso, não podemos limitá-la apenas ao papel, tinta e algo escrito. Ler envolve decodigicação e abstrações, e construções e descontruções de mundos através de várias linguagens empregadas. Essas linguagens são escolhidas a partir do meio utilizado, do objetivo da leitura, do leitor.

Sendo assim, as cores, os gestos, o som, o silencio, tudo possui uma linguagem e por isso, cada uma delas pode ser lida, sem necessariamente estar em um livro, como usualmente olhamos. Não vou falar de  Ferdnand Saussure, fundador da linguística moderna, nem vou aqui tecer sobre teóricos da linguagem. Na verdade, puxei esse tema por conta da pauta "leitura". É sobre ela que quero falar e me ater.

Nos últimos dias me deparei com um amigo muito querido tecendo comentários sobre suas leituras. Coincidência o não, eu havia prometido a mim mesma que nesse ano eu leria mais. Ou comearia a ler.rs E ele veio apenas aumentar esse desejo latente em mim.

Cada semana ele me vem com um comentário novo sobre uma leitura que realiza. Fiquei pensando sobre ele e minha vontade de ler. Ele contagiou-me e me fez lembrar de alguns anos atrás (nem tantos assim) quando adolescente eu trancafiava-me no quarto horas e dias a fio lendo. Lendo e escrevendo. Era um triangulo amoroso perfeito e saudável e lindo. Eu, os livros e a escrita.

Dizem que quem gosta de escrever gosta de ler, pois abre sua mente para coisas novas, novos vocabulários, novas inspirações, novos temas a serem falados, dissecados. Nunca busquei saber comprovação científica sobre - nem sou do tipo tomista acadêmico, que se não olhar nos autos da ciência, não acredita no fato - mas, verdade ou não, quanto mais eu lia, mais queria escrever. E nem era sobre o que lia, era sobre mim, sobre a vida, sobre as coisas. Até sobre política escrevi...

Por outro lado, tenho amigos inteligentíssimos e excelentes escritores que não lêem livros especificamente (aqueles com folhas, capas, conteúdos escritos neles), mas, são assíduos devoradores das páginas da web e revistas, o que garante a eles um conteúdo riquíssimo. Introduzi o assunto falando sobre as várias formas de ler o mundo, para falar sobre esse tipo de leitura atual e  também direito inalianável das pessoas.

Mas, voltando ao assunto das páginas que são comidas pelas traças, quero registrar nesse post a importancia de todas as leituras, mas puxo de modo particular para a leitura tradicional. Os livros, as obras, os conteúdos trabalhados, sutilmente colocados nas linhas e entrelinhas, no jogo de construção e desconstrução de mundos, de simbolismo e de crescimento. Ah, que delícia é ler! Deu vontade de voltar a fazer isso depois dos comentários de meu sábio amigo Luíz Gustavo.

Não quero servir para engrossar as estatísticas da pesquisa "Retratos da leitura no Brasil", onde foi constatado que a média de leitura dos brasileiros, até 2007, era de 4,7 livros por ano (será que o "vírgula sete" são sete páginas não terminadas de ler?!.rs ). Isso contando as pessoas que estudam. Quando passamos para leitura de livros não-didáticos, essa quantidade baixa para 1, 3 (lá vem as páginas avulsas de novo).

Bom, não vou confidenciar aqui quantos livros li ano passado. Basta a confissão do parágrafo acima, mas, quero falar sobre a epopéia que a leitura causa em uma alma. É um mundo novo em cada frase, parágrafo, página. Tudo ganha um significado diferente e novo, unido a cosntrução simbólica de cada leitor. É uma experiência de fato transformadora. Na verdade, penso que não deve ser diferente. Quem leu algo, e não mudou, não acrescentou em sua vida uma única atitude diferente, na verdade não leu. Não entendeu que o processo de ler implica em ruminação e absorvição do que foi decodificado.

Não é só unir sílabas, palavras e frases. É muito mais. Bem mais! Ler é poder identificar a alma do autor e traçar um diálogo entre ela e a sua. E a partir do encontro das duas, fazer nascer algo novo em você, construir um pouco mais de seu mundo. Por isso ler é arriscado. Um exercício muito perigoso para as almas mais incautas e incultas.

Lembro nessas horas do fictício livro O Nome da Rosa que trata da liberdade de estudo e leitura. E, engraçado, lembrei que a obra embora denuncie em suas linhas o abuso de algumas instituições quanto a posse da leitura e do saber, acaba também fazendo um verdadeiro controle de mentes e manipulação de conhecimentos esparcos, pois, para as mentes menos preparadas é fácil tomar como verdades o que o autor quis levar a refletir no campo ficcional.

Enfim, quero apenas dizer que, sim, a leitura é um risco. Mas, a leitura é também (e principalmente) um universo de delícias e de construções de mundos e significados. E pretendo voltar a esse fantástico mundo, não apenas para não engrossas as estatísticas, mas, porque quando se lê o mundo parece maior do que já é...E isso é fantástico!

Um grande abraço pra vc que chegou até aqui em nosso diálogo. Deus o abençoe, Vi.

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