quarta-feira, 28 de julho de 2010

CASTIDADE...o bem que quero!


Caros amigos da blogosfera, o que seria a capacidade reflexiva sem um bom mote para se pensar? Vã, seria vã. Por outro lado, as atitudes e tomadas de posturas em nossas vidas, que não passam pela balança da reflexão, a meu ver, tendem a ser atitudes e posturas ineficientes, uma vez que confrontadas com os percalços da vida - caso não sejam sustentados por um forte motivo - perecem como um náufrago a mercê das fortes águas.

Então, proponho no post de hoje uma reflexão e porquê não dizer uma postura nova (caso decida-se por isso) diante do assunto proposto?  O post hoje é sobre CASTIDADE.

O mote foi originado da leitura de um dos Fantásticos Blogs que sigo, do meu amado amigo-professor Lugus Chrispino, o bom mestre, sempre a me fazer pensar...

Sei, no entanto, que o assunto de hoje renderia livros e livros a respeito, porém, convido-os aqui a pensarem comigo alguns pontos sobre o assunto. O aprofundamento deixo por conta de vocês, caso se sintam motivados a esta doce aventura cristã chamada castidade. Não vou dar uma visão de sumidade no assunto, mas, venho na condição de quem tem algo a acrescentar (todos sempre têm) porque vive essa luta diária para me manter casta e santa para Deus e por amor aos irmãos.

Aviso, porém, que venha desarmado de seus pré-conceitos para esta viagem reflexiva e dispostos a fazer o que qualquer boa leitura provoca faz na vida de quem assim o deixa: mudança de atitude

Abordarei então: a) origem da palavra, b) signficado dela na visão cristã, c) posturas de alguém que opta por ela, d) mitos sobre a castidade, e) possiveis caminhos para se viver, f) falarei sobre minha história com essa arma espiritual chamada castidade. Não necessariamente nesta ordem.

Começo no entanto com meu testemunho. Tenho 31 anos, sou católica carismática, mas nem sempre pertenci a Igreja. Antes de minha entrada na RCC (Renovação Carismática Católica) tinha uma vida "normal". Como qualquer jovem pensava em ter alguém que me amasse, e se ele me amasse muito (sei que nem todas pensam assim, mas é uma visão da maioria) poderiamos ter uma noite de "amor" (sexo) maravilhosa e poderiamos até não nos casar, mas, segundo minha visão da época, achava que valeria a pena ter feito o que quis. Pronto! O que importava era fazer o que queria, sem pensar no depois. O depois viria depois, o importante era "viver" a vida com tudo o que ela tinha para me oferecer, e o "amor"(sentimento, emoção, desejo de ser aceito e amado) também era algo importante. Doesse a quem fosse doar, era legítimo querer esse amor a qualquer custo.

Daí, muitas vezes, gostar de quem era casado ou era comprometido com relação a namoro era apenas um detalhe. Afinal "namorado não é marido" e gente "casada não significa que está morta". Essa é a lógica não-cristã e eu a seguia. Até o dia em que, de fato, eu encontrei quem (eu julgava que) me amava, mas...ao contrário do que me ensinavam algumas revistas, não era tão simples assim aceitar o fato de que não ficariamos juntos e felizes a vida toda.

Para minha (grande) felicidade, acabei aprendendo também coisas na época que a lógica do contexto social não-cristão não conhecia...eu encontrei O Amor da Minha Vida, O Grande Amor: Deus. Ah! Tesouro inestimável pelo qual não pestanejei em abandonar todo pensamento anterior para encher-me dos dEle.

"Durante as noites, no meu leito...
Encontrei aquele que meu coração ama"  Ct 3, 1-4

Já passaste pela experiência de aprender alguma nova língua? Inglês, español, alemão...Então, as pessoas costumam dizer, que para se aprender uma nova língua, não se pode tentar traduzi-la em nosso pensamento, tentando associar o que signficaria aquele objeto, coisa, pessoa...como que tentando achar, em nossa nova lingua, o que já conhecemos em nossa lingua materna.

Dizem que para se aprender de verdade outro idioma é necessário pensar na lingua que queremos aprender. Pensar em inglês, espanhol, alemão, etc. É preciso pensar no novo idioma. E muito mais do que pensar, os professores aconselham a se fazer tudo como se fossemos nativos. Se quero aprender inglês, preciso: consumir livros da lingua inglesa, conversar o máximo possível com nativos da língua, vestir-me como americano ou inglês, pensar em inglês, ter objetos que me lembrem a nova lingua. 

Então, o mesmo acontece com aqueles que desejam abraçar a cultura da castidade. Sim, refiro-me a cultura porque, ao contrário do que muitos costumam associar, a castidade não trata apenas de abstinência sexual (contato físico). Envolve toda uma mudança de pensamento: vocabulário, modo de vestir, novos hábitos de leituras, de lazer, vídeos, novas amizades...sim, às vezes é preciso saber renunciar certas pessoas, algumas conversas, para não correr o risco de nos perdermos do nosso alvo: conseguir adquirir uma nova cultura.

Eu precisei passar por todas estas fases quando entrei na Igreja. Digo entrar, mas na verdade eu sempre fui católica. Fui batizada pouco antes de completar um aninho: 03 de março de 1980. Porém, minha família e consequentemente eu, não crescemos em uma cultura católica romana. Crescemos com a cultura do mundo. Convivendo com a literatura, culinária, vestuários, vocabulário, tudo do que os não-católicos consumiam. Enfim, o resultado não poderia ser diferente, quando cheguei aos meus 18, eu pensava como qualquer pessoa de 18 de minha época, menos como uma católica.

Com relação a castidade eu tinha um discurso muito bem transmitido por maioria dos jovens da época: "Quero ser feliz! Se um dia encontrar alguém que me ame muito e que o ame também, porque não ir para a cama com ele?". Pior, achava, inclusive, que não era necessário eu casar para ter essa pessoa. Pensava que poderia muito bem ser um desses amores de novela, que passam pela vida de alguém e deixam marcas (arrasadoras e irreparáveis) na vida de alguém. Essa pessoa, sim, valeria a pena.

De fato, nossa vida só vale a pena se derramada no Coração de Quem pode nos dar esta felicidade que deixa marcas irreversíveis. Marcas de dor, porque o Amor não está desassociado de ter que sofrer para se fazer o bem...marcas do Eterno. Cristo é Esse Grande Amor em minha vida. E ao contrário do que eu imaginava ser a tão desejada liberdade, onde eu imaginava que seria fazer o que viesse na cabeça, Ele mostrou-me que para amar alguém de verdade, era preciso ter seu corpo sim, mas ter sem possuir. Ter concretamente, mas de uam forma diferente, guardando-se e guardando o outro.

É, eu sei, não é comum esse pensamento em um mundo não-cristão, que ensina que a liberdade sexual é você poder levar uma camisinha no bolso para evitar um filho indesejado ou uma doença venérea.

Acho engraçado quando as pessoas falam mal da Igreja Católica, fazendo-a vilã por não aceitar uso da camisinha por seus fiéis (veja, somente os católicos são obrigados a cumprir, os demais não). Acontece que a Igreja não é contra a camisinha em virtude de não poder evitar 100% as doenças venéreas e a gravidez indeseja. Não é essa a questão, a questão aqui é a dignifidade humana. Somos justos quando damos a pessoa o que lhe é devido, e o ser humano tem direito de ser humano. Quando eu trato alguém como objeto eu tiro um direito inalienável dele, que é o de ser pessoa, ser gente. Ninguém merece ser objeto de prazer.

Sim, e ninguém que venha me dizer que um jovem ou um adulto que sai para a balada ou outro lugar, com uma cartela de 12 ou mais camisinhas, com a justificativa de que "nunca se sabe quando se vai precisar" está se preocupando com o outro. O outro ou a outra, na verdade, são mero objetos de prazer sexual, que passar tão rapido quanto o tempo de um orgasmo.

Porém, Deus me mostrava, e me mostra a cada dia mais isso, que a liberdade sexual é você poder dizer não, também. Não ao que vai me tornar escravo (como o vício da masturbação), não para o que vai prejudicar o outro, ainda que seja agradável a nosso corpo (como é o caso do guardar-se puro, e não tocar no outro de forma lasciva, libidinosa, se não sou casado(a) com ele(a))...

Bom, imagino que por ter um monte de nãos (existem outras negativas que as pessoas que desejam praticar a castidade precisam dar), as pessoas costumam confundir, ou associar mesmo, acastidade com castração, quase que transformando alguém casto (ou que deseja viver a castidade) em uma pessoa assexuada, incapaz de sentir atração sexual pelo sexo oposto (eu quis me referir a sexo oposto mesmo, viu?).

E por isso mesmo, não raras vezes, quem opta por viver a castidade, se sente muitas vezes mal quando tem desejos pelo sexo oposto.

Então, queria começar com uma explicação: castidade não é castração, nem tão pouco significa que a pessoa é um ser assexuado, incapaz de sentir desejo ou ardor pelo outro (sim, desejo arde sem se ver, também). E isso de forma alguma é pecado ou significa que a pessoa não é casta. Sentir-se atraído pelo sexo oposto faz parte da sexualidade humana, dom de Deus. Tanto que para os ligados pelo sacramento do matrimônio, o ato sexual é uma oração de louvor ao Criador. Lindo, né?! Deve ser algo bom de se sentir também (risos). Pecado (e estranho) seria não se sentir nada (muito embora, em alguns momentos, nesse caso, Deus nos permita viver alguns desertos neste sentido) ou mesmo sentir pelo mesmo sexo, o que iria até contra a natureza humana.

Agora, alguém pode me perguntar: Mas, se sentir desejo não é pecado, porque não dar vasão ao que sentimos, já que é algo tão natural e divino? Bom, claro que sentir e consentir são grandesas nem sempre diretamente proporcionais. Por exemplo, nem sempre quando se está triste é bom chorar. As vezes alivia, mas, em algumas outras vezes, faz com que a pessoa fique cada vez mais depressiva, presa em sua angustia, sem busca de superação. No caso do desejo sexual, sentir de fato não é pecado, mas consentir esse desejo antes do casamento torna-nos escravos. E escravidão é uma ação que não combina com o imperativo dom do Amor.

Logo, não vou para o inferno por sentir um friozinho na barriga depois de um beijo. Ou mesmo por lembrar o sabor do beijo casto (sim, existe beijo casto) que meu namorado e eu (esta situação é meramente ilustrativa, viu?) nos demos. Mas, deixar que essa lembrança se transforme em uma sessão de imaginação fértil (a imaginação é a louca do casebre, já dizia Pe. João Mohana em Sofrer e Amar) que me conduza ao prazer solitário (masturbação), aí sim, é um problema. Justamente por ser algo prazeroso, e o ser humano tem tendência a fazer o que é prazeroro e confortável, ainda que não seja o melhor pra ele e para os outros.

Peço desculpas se ruborizo algum leitor com o assunto. Mas, acho complicado quando encontro pessoas falando da sexualidade e da castidade de maneira tão angelical, que chega a se pensar que não é possível para um ser humano comum viver tal estado da alma. Enfim, o mundo é feito de pessoas de carne e osso. Pessoas que sentem dor, choram, sangram e claro, pessoas que ficam excitadas. E não podemos ignorar o fato de que vivemos exilados neste vale de lágrimas, fazendo o mal que não queresmos e sem conseguir fazer o bem que desejamos, como diz São Paulo.

Vejo que as pessoas que têm dificuldade em lidar com a castidade, em mater-se puras no pensamento, no vestir, no falar..são agraciadas com o espinho de Paulo. Explico o motivo da palavra agraciada: digo isso, referindo-me ao fato de que foi o espinho de Paulo que o fez rezar mais, que o fez reconhecer que sem Deus, nada se pode fazer.

Pois bem, não se vive a cultura da castidade só seguindo as lições de quem deseja aprender inglês. É necessário um Auxílio Divino pra isso, do contrário, nadaremos contra a correnteza e nos cansaremos, tendo o risco de sermos levados por ela.

A castidade não é algo vivido apenas pelos critãos, os atletas são chamados a abster-se por uns tempos da vida sexual para alcançarem o êxito em suas provas. Porém, no nosso caso, o caso dos que desejam viver a castidade, abster-se sexualmente é uma graça para a mente (torna-a pura, sã), para o corpo (auto-domínio, controle até de impetos que aparentemente são considerados distantes do campo sexual, como é o caso da ira), para a alma (combate espiritual, grandes santos, como São Francisco, venciam o mal pela graça da castidade, pureza).

É difícil, porém, entender e querer as vantagens de uma vida casta, se não a encaramos sem pré-conceitos. Sim, digo preconceitos porque, no mundo da liberdade sexual as vezes tenho a impressão que temos liberdade para fazermos tudo, menos querer guardar a castidade, ou a virgindade até o casamento, ou quando queremos ingressar em uma vida religiosa.

Opa! Falei uma palavrinha nova nesse mundarel de letras: virgindade. Ela é prima irmã da castidade. Explico: castos, todos devemos ser. Os casados, os solteiros e os religiosos, são convidados a viver a castidade. Mas, ser virgem é uma exigência para os que desejam contrair o sacramento do matrimônio. Comparo a virgindade ao melhor da festa. O vinho bom, que Cristo reservou para os convidados. Os noivos são os convidados do Esposo, e os convidados do Esposo, servem-se do melhor Vinho: o da pureza.

Infelizmente, sei que nem sempre é possível guardar-se assim. Em muitos casos, a pessoa acaba perdendo a virgindade antes de conhecer a Deus. E muitas vezes se culpa por não ser mais virgem e se condena achando que não poderá mais casar, que não encontrará mais ninguém que a queira. Bom, pode ser de fato que existem homens e mulheres que tenham essas exigências para o casamento que planejaram, mas, uma coisa é certa: Deus sempre guarda o melhor para os filhos dEle, sempre.

E se você, por ter tido uma vida pregressa a.C (antes de conhecer Cristo), acabou perdendo o melhor da festa não se desespere; ou, se mesmo depois de ter conhecido a Deus, e por descuido seu cair no pecado da masturbação, ou mesmo do sexo antes do casamento, levante a cabeça, jogue a lama dos porcos pra lá, e volte pra Casa do Pai. Lá, você encontrará Alguém que te Ama de verdade, esperando na colina, para te dar um beijo (o carinho do Pai por seus filhos), pôr um calçado novo (preparando-te para começar de novo), vestes novas (nova cultura, nova mentalidade) e um anel no dedo (simbolo de renovação da aliança com Ele). E fará uma festa, porque você desvioudo caminho e talvez até tenha se perdido, mas retornou e se achou novamente.

E viva a liberdade sexual! Viva a liberdade dos que têm a liberdade de dizer "não, eu vou esperar". Uma AVE Maria por você, por nós,  porque só o Amor Verdadeiro Espera (AVE).

Abraços,até a próxima conversa! Deus nos abençoe.




O

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